segunda-feira, 8 de março de 2010

Experiência tremenda no Chile!

Não podia deixa de postar algo sobre o terremoto de 8,8º na escala Richter, sétimo mais forte da história, que aconteceu no Chile na madrugada de sábado dia 27 de fevereiro de 2010. Primeiramente, para deixar registrado essa experiência vivida, afinal, não é todo dia que se está presente em um terremoto (principalmente sendo brasileira), né?  Depois, para deixar registrado meu relato sobre o acontecimento e dar notícias às pessoas!

Bom, não posso deixar de mencionar uma coincidência: alguns dias antes do terremoto no Chile, aconteceu um terremoto na Guatemala, que foi reportado pela intercambista Renata, de Vitória, em seu blog (aliás, recomendo fortemente a leitura, dou muitas risadas com os relatos dela, fica a dica!). Deixei um comentário dizendo algo como "quem sabe eu não faço também um post sobre algo parecido no Chile?" Eh, tenham cuidado com o que pedem! hahahhahaha

Não vou colocar estatísticas do terremoto nem vou fazer um relato de dar medo (sugiro a leitura do blog da Marina, está bem mais completo neste sentido). Vou apenas relatar o que passei e colcocar algumas fotos que tirei na hora.

Como muitos já sabem, tenho um sono muito pesado, então demorei um pouco para acordar com o terremoto. Ele começou fraco, como os tremores que muitas vezes acontecem aqui. Aos poucos, foi ficando mais forte e durou 3 minutos. Estava dormindo em minha cama, acordei e demorou um pouco para eu entender o que estava acontecendo. Quando escutei as janelas tremendo, portas batendo e algumas coisas que vidros caindo e quebrando, entendi que era um terremoto! Vi quando o transformador da rua explodiu (fiquei meio confusa, achando que era um raio) e já não podia sair do meu quarto pois para sair do apartamento, teria que passar pela cozinha, onde existem mais coisas "quebráveis". A única reação foi segurar no colchão e rezar pra passar. (nessa hora, nem dá pra lembrar os emails que vc recebe dizendo o que fazer neste caso...). Quando parou, saí do meu quarto e comecei a procurar as meninas pelo apartamento, no maior breu! Enquanto isso, fui registrando a bagunça...

Meu quarto (mãe, juro que ele não é tão bagunçado assim normalmente!!)

Parte do meu quarto e banheiro

Cozinha (quebraram copos, pratos, garrafas e potes, mas nada mais grave)

O fogão deu uma "andadinha" e quase bloqueou minha passagem (meu quarto fica depois dessa porta)



Esse móvel verde com a televisão andou quase 2 metros

Móvel da entrada do apartamento

Com a luz da minha máquina, fui vendo o caminho e procurando as meninas. Todas estavam bem, só faltava a Marina. Procuramos um tempão e não encontramos, então imaginei que ela já tinha descido os 6 andares. Quando chegamos no térreo, vários moradores estavam lá, se aglomerando na calçada mesmo. A Marina estava lá e no susto, depois do terremoto, desceu de pijama e meia! hahahahaha Daí ela pegou emprestado um sapato de um trainee costa riquenho porque estava meio friozinho.

Marina (com trajes super sexy), Natália e Cris em frente ao prédio

Ficamos esperando até a luz voltar, que aconteceu umas 6h da manhã. A luz voltou, mas e a coragem para dormir nos quartos?? Não queria voltar a dormir na minha cama de maneira nenhuma (ainda mais que meu colchão é de mola e qualquer movimento que se faça, ele já fica mexendo, imagina com um terremoto...). Acabamos dormindo todas meninas na sala, juntas. Parecia um acampamento ou TREMNs de antigamente (piada interna para AIESEC)

Ficamos acampadas na sala por pelo menos uns 5 dias! hahahhahahaha

A internet voltou umas 10h da manhã e ficamos praticamente o sábado e domingo por conta de enviar notícias ao Brasil. Sabíamos que as notícias que chegariam aí pelos jornais e televisão não seriam as melhores. Infelizmente só as piores partes do terremoto são noticiadas. Parecia que o Chile inteiro estava destruído devido ao enfoque dado, tanto pela mídia internacional quanto pela nacional. O terremoto foi grave, levamos o maior susto, mas comparando a força destrutiva com a destruição realmente efetivada, não aconteceu quase nada em Santiago (lembrando que o terremoto aqui foi de 8,8 graus e do Haiti foi de 7 graus, e que a escala Richter é super exponencial, o que sentimos aqui foi mais ou menos 180 vezes mais forte). As contruções são bem mais preparadas e as normas bem mais rígidas. A maioria dos prédios são feitos para balançar e não cair. As únicas construções que caíram em Santiago foram casas muuito antigas (mesmo assim caiu alguma parte e não toda) e algumas pontes. Por isso, nossa rotina voltou praticamente ao normal na segunda mesmo (só o nosso elevador azul-verde-turquesa está fechado por precaução). 


É claro que as cidades que estavam mais perto do epicentro sentiram muito mais e a situação é bem diferente: muitas casas foram destruídas, tiveram problemas de abastecimento e saques, algumas cidades pequenas foram atingidas por tsunamis...O ponto positivo é ver que as pessoas estão se mobilizando pela causa. Cada um está fazendo o que se pode e várias organizações estão promovendo campanhas e tals. No meu trabalho, fizemos uma vaquinha para comprar cestas básicas e vamos promover visitas mais pra frente (quando essa euforia abaixar, a atenção da mídia não estiver mais tão focada e as ajudas estiverem mais escassas...) Aconteceu até um "Teletom" Chile ayuda Chile para arrecadar fundos. 


Em situações extremas assim é que vemos o melhor e o pior de um povo. É realmente interessante ver como o povo chileno está reagindo (e na minha visão, muito bem) à tragédia. Além da parte da reconstrução, existe um movimento de levantar a moral do povo, para que o país continue e não pare. Por isso, a presidenta pediu aos cidadãos para exibir a bandeira do país em suas casas, e andando pelas ruas, não há lugar onde não se veja uma (até no meu prédio tem um mastro com uma bandeira!).


Bom, foi uma experiência e tanto, mas em nenhum momento pensei em voltar. Quero continuar aqui pra terminar meu intercâmbio, aproveitar essa oportunidade única, aprender ainda mais com o país e sua gente, aprender mais sobre eu mesma (por exemplo: eu posso me permitir estar frágil e carente, e o valor de estar com a cabeça no lugar em situações como essas). Foi muito importante estar com as meninas nesse momento, uma dando força para a outra, segurando a barra. Sem elas, teria sido muuuuuuuuuuito mais difícil, com certeza! Muito obrigada também àqueles que mandaram pensamentos positivos, mensagens, emails e se preocuparam comigo. Obrigada pela força! Mas podem ficar tranquilos que estou bem! =)


Também posso dizer que agora estou muito mais informada do que é realmente um terremoto e como reagir nessa situação. Sei também que a probabilidade de acontecer um outro por agora é praticamente nula. A única coisa chata depois de terremoto são os tremores (mais conhecidos como réplicas), que no nosso caso, devem demorar uns 2 meses. Esses tremores são fracos, normais e são resultado da acomodação das placas depois de um terremoto. Os terremotos fortes no Chile estão acontecendo mais ou menos de 25 em 25 anos (1960, 1985, 2010...). Então, não quero estar aqui em 2035! hahahahhaha

7 comentários:

  1. Ai se aquele vinho que caiu do seu armário quebra, ele suja/mancha/rasga sua roupa tooooooooda (comentário que sua mãe gostaria de ter feito)

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  2. hahahaha nota mental: não estar no Chile em 2035!!
    Line, q bom q ta tudo bem! ficamos preocupadas!! =)

    saudades!

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  3. Eu também não estarei por aqui em 2035! hehe
    Experiência de intercâmbio intensa, tanto do lado positivo como negativo... rs
    E vamo que vamo! =)
    Beijão querida!

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  4. Caos após caos!
    viu que depois teve ainda um em Taiwan e outro na turquia?

    Segura que o mundo tá acabando, fia!!!

    bjo e se cuida

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  5. Quebrou copos, pratos, mas o vinho se salvou! UFA!
    Deve ser vinho vagabundo, senão Murphy não teria deixado passar haha...
    Se cuida... dá próxima vez, tira o "terre" e foge de "moto" (piadas antigas sobre o Macgyver)

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  6. Encarnou Nostradamus no post do dia 10 de fevereiro hein (citando a bebida)...

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