quinta-feira, 3 de junho de 2010

Vida de cão em Santiago


Não é o que vocês devem estar pensando...

Não é isso que você está pensando....

Não passei por nenhuma situação complicada ou difícil a ponto de achar que minha vida é cão por aqui...

Mas se eu fosse um cachorro, gostaria de viver no Chile!! Os cachorros tem vida de rei aqui! Isso me chamou a atenção desde os primeiros dias aqui em Santiago. Os cachorros de rua aqui são os mais tranquilos do mundo, sempre se encontra algum dormindo durante o dia na rua, e em muitas vezes, no meio da calçada. Galera tem que desviar do "pobre bichinho", porque ele mesmo não vai sair de onde está, não está nem aí!

As pessoas em geral brincam com esses cães de rua, dão comida e tals. Descobri que a associação de proteção aos animais aqui é bem forte e há algum tempo conseguiu aprovar uma lei que protege os cachorros de maus tratos. Em geral eles estão em bandos (ou seria matilha? Qual é mesmo o coletivo de cão?) pequenos e muitas vezes atravessando as ruas com a maior tranquilidade....Alguns até ficam correndo atrás de motos e carros, a ponto dos motoristas terem que ter cuidado pra não atropelar algum amigo canino...

O mais engraçado é que viajando pelo Chile vi que a situação é parecida nas outras cidades!

Difícil de acreditar? Pois veja com seus próprios olhos: (não é montagem!)


Cachorro dentro da Igreja de Toconao, perto de San Pedro do Atacama


Na praça em San José de Maipo


Dentro do restaurante perto da vinha Concha y Toro


Calçada de Valparaíso


Ladeiras de Valparaíso


Ponto turístico em Valparaíso


"Matilha" na entrada do Cerro San Critóbal

"Matilha" em praça no centro de Santiago


Tranquilidade lá em cima do Cerro San Critóbal


Até os cachorros são "religiosos"


Curtindo uma sombrinha em Santiago


No meio do caminho, tinha um cachorro...


Até em feira de artesanato!

Agora com o tempo mais frio, achei que iria ver menos cães na rua...Que engano! Eles continuam aí, povoando as ruas, correndo atrás de rodas e bloqueando as calçadas. De noite, eles se escondem mais por causa do frio ou ficam em bandos maiores. Mas continuam os reis da cidade!






terça-feira, 18 de maio de 2010

"Daqui do alto, eu te vejo..."

Cof, cof, cof....

Esse blog está meio abandonado, mas é por uma causa digna e justa. Tenho trabalhado bastante em um projeto aqui em Santiago, estou adorando e aprendendo muito, mas estava sem muito tempo pra postar. Além disso, sempre estava ocupando meus finais de semana. Por isso, este post tá meio atrasado, faz quase um mês que eu comecei a escrever, mas vamos lá!

Um dos pontos turísticos mais visitados em Santiago é o Cerro San Cristóbal!! Aliás, é onde está localizado o parque metropolitano, que tem piscinas, termas, zoológico.... Fica em Bella Vista, perto do Metro Baquedano. É um dos pontos que todo visitante tem que conhecer!

Mostra lá o lugar, Rafinha!

Existe duas formas de subir: de funicular ou por estradas (muitas pessoas sobem de bicicleta).

Funicular

Nessa hora, dá vergonha de ter subido de funicular....

Depois de chegar ao topo, o melhor é aproveitar a vista. Dá pra ver a cidade inteira e comprovar que realmente é um vale! Lá em cima tem algumas barraquinhas de artesanato e comidas (a preço de turista =p).

Um dos ângulos de Santiago =)

Mote con huesillo (é uma sobremesa típica feita de pêssego em calda, suco de pêssego e huesillo, que eu desconfio que seja alguma semente hidratada). Como a maioria das sobremesas chilenas, é bem doce!

Outro ângulo da cidade (um pouco mais poética, quem sabe...)


Um poco mais acima da chegada no funicular, está a estátua da Virgem. Há uma capela perto e alguns degraus para se chegar até a estátua. A vista é ainda melhor, vale a pena vencer a preguiça e chegar lá!

Noiva chegando pra se casar na capela do Cerro (foi praticamente um evento a chegada dessa noiva hahah)

Estátua da Virgem (como ela é iluminada, dá pra ver de noite quando se passa por Bella Vista)

Homenagem à minha amada amiga Irina =)

Já fui ao Cerro duas vezes, uma com o Rafinha e outra com o Romildo, e irei todas as vezes que tiver oportunidade! Aliás, eu ainda não vi o pôr do sol lá de cima e dizem que é maravilhoso.

Rafinha e eu, trainees da AIESEC Brasília em Santiago (Rafinha, já estamos com saudades!)

Romis e eu =)

O legal do passeio até o Cerro San Cristóbal é que não precisa ficar restrito à subida ao Cerro. No caminho do metrô até o funicular, existe algumas atrações bem interessantes, como feiras de artesanato, muitos barzinhos e restaurantes.

Rua Pio Nono (cheia de barzinhos e ambulantes nas calçadas, um dos lugares mais democráticos que eu já conheci em Santiago, tem cada tipo de gente que até Deus duvida)

Patio Bellavista (a entrada deste lugar está na Rua Pio Nono, é meio escondida. É muito bonito lá dentro, cheio de restaurantes e lojinhas, com preços para turista rico)

Um dos artesanatos típicos do Chile: o índio Pícaro (isso mesmo que você leu...no caso é a índia e o índio...=p)

Lapislazuli é uma pedra azul semipreciosa típica do Chile

Nesta região tem até uma das casas do poeta Pablo Neruda! Ele construiu 3 casas, e a que fica em Santiago chama-se Chascona, vale muito a pena conhecer! As outras estão em Isla Negra e Valparaíso.

Fazendo parte da paisagem em frente à casa do Neruda

Chascona era o apelido da última mulher de Neruda, Matilde, e quer dizer algo como "descabelada", com uma juba.
Olha que bonita homenagem: janela da esquerda com as iniciais do casal (Pablo e Matilde) e janela direita com o desenho da Chascona (dentro da casa há varias outras homenagens)

Na varanda do segundo andar da casa (não é por acaso que parece um barco, a casa inteira foi desenhada com este propósito)

Outro ângulo da casa

Curiosidade sobre o Poeta

Estou com vários posts atrasados (quase 3 meses acumulados) e vou tentar colocar em dia, mesmo porque eu não tenho mais tanto tempo assim aqui e já comecei a ter que planejar os finais de semana que me restam no Chile. Como passou rápido, né?


terça-feira, 13 de abril de 2010

Primeira vez no Pacífico

É bastante comum escutar histórias de trainees que juntam pelo menos um pouco de dinheiro para poder viajar durante seu intercâmbio. Comigo não foi diferente. Me preparei durante 2 anos para poder não perder nenhuma oportunidade de viajar que aparecesse. Esse post é sobre a viagem que eu fiz a uma cidade chamada Algarrobo, relativamente perto de Santiago.

O Ignácio, amigo do trabalho e que vai viajar em breve para Eslováquia pela AIESEC, chamou uma galera do trabalho para passar o final de semana nesta praia, e eu pensei: porque não? A idéia era alugar uma casa perto da praia, aproveitar o verão, conhecer a cidadezinha. Combinamos horário de sair, quem ia fazer as compras de comida, etc...

Primeiro choque cultural: os brasileiros não são nenhum exemplo de organização e pontualidade (aliás, é um ponto que tenho que trabalhar), mas os chilenos (os que eu conheci em geral) são bem mais desorganizados e nada pontuais (tudo começa de meia a uma hora depois do horário estabelecido). Resumo da ópera: saímos super tarde de Santiago, mas a viagem foi super tranquila.

Chegamos na sexta de noite e resolvemos fazer um "carrete" (balada em chileno) na casa mesmo. Fizemos um churrasco à la chilena, dançamos bastante, enfim, nos divertimos horrores pois o grupo era muito legal.


Quase todo mundo que estava na casa, só faltou a Ale =)

Dançamos de tudo, até "cueca" (dança típica do Chile)

No outro dia, acordamos para ir para a praia, quer ficava super perto da casa. Para chegar até a areia, tínhamos que passar por um bosque.

Ao final do bosque, já dava pra ver o mar!

A praia era pequena e estava cheia, mas o clima estava ajudando e fez calor. Por isso, aproveitamos mais a praia. Deu pra pegar uma corzinha, descansar, jogar conversa fora.

Chegando à praia de Algarrobo

Pegando uma corzinha

Outro ângulo da praia

Eu já tinha tido a oportunidade de conhecer o Pacífico (quando viajei à Viña), mas eu só tive a coragem de molhar os pés. Mas também, o clima lá não estava nada convidativo. Como em Algarrobo estava fazendo calor, resolvi entrar no mar. Minha coragem foi diminuindo à medida que fomos nos aproximando da água....Como é que pode ser tão gelada? hahahahhahaha Na primeira vez, não consegui entrar, só molhei os pés mesmo, enquanto as alemãs (Anika e Jenni) estavam nadando feito crianças. Voltamos para areia para tomar mais sol. Depois de um tempo, eu já estava suando (isso foi inacreditável!), resolvi que ia entrar, sem pensar muito. E fui! Cheguei correndo e entrei de uma vez....Acho que meu coração parou de bater durante alguns segundos e meu cérebro deu uma congeladinha básica...Meu Deus, que água gelada!!! Consegui ficar alguns minutos, tive que mergulhar para escapar de algumas ondas, e depois saí correndo! hahahahhaha Meus pés formigaram quando eu cheguei na areia quente...Mas enfim, agora posso dizer que mergulhei no Pacífico! =)

A caminho do mar...

Depois da praia, voltamos pra casa pra almoçar (quase na hora da janta) e ficamos em casa. De noite, fomos na cidade de Algarrobo, que se parece muito com qualquer cidade pequena turística na costa: rua principal com restaurantes, lanchonetes, feirinhas... Fizemos algumas compras e voltamos para casa. O Felipe, meu primeiro host, e seu irmão chegaram de noite na casa e ficamos por lá mesmo, conversando, dançando e bebendo.

A parte mais concorrida da casa: a cozinha!

Bebida super típica nas festas aqui: melão com vinho branco

No outro dia, mesmo esquema: fomos para a praia aproveitar o dia. Ficamos lendo a praia, os mais corajosos foram andar de banana-boat (corajosos não pela adrenalina do passeio, mas sim pela temperatura da água), tomando sol... Voltamos pra casa, comemos e começamos a arrumar as coisas para voltar para Santiago. A volta foi bem mais demorada do que esperávamos, pegamos um engarrafamento enorme (era o último final de semana antes das aulas começarem). Mas enfim, valeu a pena. Conheci uma cidade nova, aproveitei o final de semana e conheci uma galera super gente fina que já viraram meus amigos aqui em Santiago.


Prometo não ficar tanto tempo sem postar!

Beijos!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Quebrando paradigmas sobre praia e calor

Quando se mora no Brasil, normalmente se tem o paradigma: no verão, temos praia+calor! Aqui no Chile, depois que fui a Valparaíso e Viña del Mar, tive que desassociar praia de calor =/ Mas mesmo assim, a viagem foi super boa!!

Resolvemos eu e o Romildo aproveitar os poucos dias que ele estava no Chile para irmos a Valparaíso e Viña no domingo depois do meu aniversário. O problema é que para aproveitar as duas cidades, tivemos que sair de Santiago às 07:00 (lembrando que isso foi na manhã depois do meu niver e que eu cheguei às 05:00 em casa). Saindo de casa, resolvi pegar um casaquinho, porque de madrugada estava um pouco frio, mas estava de havaianas, afinal ia para a praia...

Chegamos em Valparaíso às 8:30 e surpresa: 15º e MUITA neblina. Imagine meu bom humor: frio, fome, sono, um cachorro de rua nos seguinho e quase tudo fechado. Pensei: "Que beleeeeeza vai ser esse passeio!" Mas quando a companhia é boa, qualquer programação fica ótima! ;)

Valparaíso é uma das cidades mais antigas do Chile e durante muitos anos foi o coração econômico do país (antes da construção do canal do Panamá, a rota Atlântico-Pacífico era feita pelo estreito de Magalhães e Valparaíso era um importante porto no caminho). A cidade foi tombada como patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO em 2003. É uma cidade boêmia, cultural, universitária, colorida, alegre, com várias ladeiras e morros. Vale muita a pena de conhecer. Passeamos pelo centro, visitamos uma das casas do escritor Pablo Neruda (La Sebastiana), conhecemos o Museu a Ceu aberto, alguns outros museus e casarões, o porto...enfim, o que foi possível como turistas pedestres. 

Pegamos um metrô de superfície e fomos para Viña del Mar fechar o passeio. O sol foi aparecendo durante o dia, mas mesmo assim, ainda estava nublado. Viña é uma cidade mais turística, com muitos hotéis, praias e uma infraestrutura mais bem preparada para receber turistas. Conhecemos o famoso relógio de flores, uma praia, o centro da cidade, o cassino, alguns museus e feirinhas. Bom, pode ser que algum dia do ano, faça um dia super bonito, com calor e seja convidativo ir à praia lá. Mas era verão, o tempo estava nublado e a água MUITO gelada, que chega a doer, literalmente. Só tive coragem de molhar os pés e mesmo assim com direito a "gritinhos". É, tive que quebrar esse paradigma....


Voltamos para a casa antes de escurecer para podermos descansar um pouco ainda em Santiago, mas mesmo muito corrida, valeu a pena a viagem!


segunda-feira, 22 de março de 2010

Mais perto dos 30 que dos 20!

Bom, como meu blog resolveu fazer greve, não estou conseguindo fazer upload de fotos, então esse post vai ser mais texto e coloco o link aqui para as fotos!

O título já diz tudo: estou mais perto dos 30 que dos 20! Fiz 26 anos no dia 13 de fevereiro. O engraçado é que não me sinto muito com essa idade. Pode ser que tenho aquela imagem pueril que uma mulher de 26 anos já está com a vida feita, já casada, e quem sabe já com filho. Afinal, nessa idade minha mãe já tinha 3 filhos! Pode ser que eu ainda me sinta bem moleca e as pessoas em geral achem que eu sou mais nova. Mas eu realmente não tenho problemas com minha idade, a única preocupação é viver bem esse ano!

Quem me conhece, sabe que eu adoro aniversário. As pessoas celebram a sua vida! Bonito isso, não? Sempre acontece de receber algum tipo de mensagem de parabéns de pessoas queridas que estão longe, que estão sumidas, que estão presentes, que estão perto e de também não receber mensagens escritas ou fonadas, mas saber que as pessoas pensaram em você e estão agradecendo a Deus (ou sua divindade ou o acaso) por você participar de sua vida.

Esse foi meu primeiro aniversário fora do Brasil, e isso quer dizer longe da minha família e de muitas pessoas queridas. Foi uma experiência bem legal, ver que os laços são mais fortes que a distância. Foi maravilhoso receber ligações inesperadas (valeu Fê, Irinão e cuñis) e visitas inesperadas (valeu, meu amor!).

O melhor presente foi receber meu namorado em Santiago, em pleno carnaval (aí no Brasil) e Valentines (dia dos namorados aqui no Chile), ainda mais chegando um dia antes do combinado, pra me fazer surpresa. Amei a companhia, foi muito especial!!

Para meu niver esse ano, comemorei com almoço super gostoso aqui perto de casa, passeio no Cerro San Cristóbal (vou fazer um post só sobre ele) e juntei o pessoal da AIESEC e do trabalho em um lugar chamado Vitamina. Foi bem legal ver a galera reunido, uma mistura de pessoas já queridas, pessoas que conheço pouco mas já tenho grande simpatia, pessoas que não conhecia....

Enfim, como disse o grande poeta chileno, Pablo Neruda: "confieso que he vivido" esses 26 anos! Que venham os próximos!

domingo, 14 de março de 2010

Caribe gelado!

Este post já estava quase pronto quando aconteceu o terremoto. Daí, deixei pra um pouco depois. Mas essa viagem já faz algum tempinho....

(Alguma coisa aconteceu com meu blog e ele não está fazendo upload das fotos, por isso, vou colocar todas neste link, vale muito a pena ver!!!)

A segunda viagem no meu intercâmbio foi para um lugar chamado Cajón de Maipo (agora sim eu viajei dentro do Chile! hahahahaha). Esse lugar atrai turistas por suas montanhas, natureza, rio...tem várias opções de camping, pousadas, hotéis e passeios de trekking, rafting e outros esportes de aventura. 

Mas como bons trainees, fizemos o passeio versão econômica mesmo, fomos só passar o domingo: eu, Marina, Rafa (outro trainee brasileiro que é de Brasília), Carlos (que é Vice Presidente de Comunicações da AIESEC Santiago, e foi trainee em Brasília) e o Marco. Chegamos, passeamos pela cidadezinha que fica perto (San Jose de Maipo), almoçamos e fomos conhecer a região.

Bom, não vou ficar tentando descrever como é a paisagem, só digo que por mais que a água pareça azul, ela é muito mais ao vivo! Uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida! Imagina uma estradinha super estreita, cheia de cascalho, com um monte de curvas...de repente, ao sair de um curva, você se depara com uma represa cercada de montanhas (com outras com um pouco de neve ao fundo), com água cor turquesa. É de tirar o fôlego!

Foi um passeio mais tranquilo, mas super bom! Recomendo fortemente, mas tem que chegar até o ponto chamado "Embase del Yeso", que é essa represa).

Mas tive que quebrar um paradigma: normalmente eu ligava água azul turquesa ao Caribe ou Nordeste, ou seja, água quente! Tsc, tsc, tsc, aqui a água é de doer os pés de tanto frio! Me contentei em só molhar os pés e olha lá! Meu senso de aventura para por aí! hahahahhaha

Beijos

segunda-feira, 8 de março de 2010

Experiência tremenda no Chile!

Não podia deixa de postar algo sobre o terremoto de 8,8º na escala Richter, sétimo mais forte da história, que aconteceu no Chile na madrugada de sábado dia 27 de fevereiro de 2010. Primeiramente, para deixar registrado essa experiência vivida, afinal, não é todo dia que se está presente em um terremoto (principalmente sendo brasileira), né?  Depois, para deixar registrado meu relato sobre o acontecimento e dar notícias às pessoas!

Bom, não posso deixar de mencionar uma coincidência: alguns dias antes do terremoto no Chile, aconteceu um terremoto na Guatemala, que foi reportado pela intercambista Renata, de Vitória, em seu blog (aliás, recomendo fortemente a leitura, dou muitas risadas com os relatos dela, fica a dica!). Deixei um comentário dizendo algo como "quem sabe eu não faço também um post sobre algo parecido no Chile?" Eh, tenham cuidado com o que pedem! hahahhahaha

Não vou colocar estatísticas do terremoto nem vou fazer um relato de dar medo (sugiro a leitura do blog da Marina, está bem mais completo neste sentido). Vou apenas relatar o que passei e colcocar algumas fotos que tirei na hora.

Como muitos já sabem, tenho um sono muito pesado, então demorei um pouco para acordar com o terremoto. Ele começou fraco, como os tremores que muitas vezes acontecem aqui. Aos poucos, foi ficando mais forte e durou 3 minutos. Estava dormindo em minha cama, acordei e demorou um pouco para eu entender o que estava acontecendo. Quando escutei as janelas tremendo, portas batendo e algumas coisas que vidros caindo e quebrando, entendi que era um terremoto! Vi quando o transformador da rua explodiu (fiquei meio confusa, achando que era um raio) e já não podia sair do meu quarto pois para sair do apartamento, teria que passar pela cozinha, onde existem mais coisas "quebráveis". A única reação foi segurar no colchão e rezar pra passar. (nessa hora, nem dá pra lembrar os emails que vc recebe dizendo o que fazer neste caso...). Quando parou, saí do meu quarto e comecei a procurar as meninas pelo apartamento, no maior breu! Enquanto isso, fui registrando a bagunça...

Meu quarto (mãe, juro que ele não é tão bagunçado assim normalmente!!)

Parte do meu quarto e banheiro

Cozinha (quebraram copos, pratos, garrafas e potes, mas nada mais grave)

O fogão deu uma "andadinha" e quase bloqueou minha passagem (meu quarto fica depois dessa porta)



Esse móvel verde com a televisão andou quase 2 metros

Móvel da entrada do apartamento

Com a luz da minha máquina, fui vendo o caminho e procurando as meninas. Todas estavam bem, só faltava a Marina. Procuramos um tempão e não encontramos, então imaginei que ela já tinha descido os 6 andares. Quando chegamos no térreo, vários moradores estavam lá, se aglomerando na calçada mesmo. A Marina estava lá e no susto, depois do terremoto, desceu de pijama e meia! hahahahaha Daí ela pegou emprestado um sapato de um trainee costa riquenho porque estava meio friozinho.

Marina (com trajes super sexy), Natália e Cris em frente ao prédio

Ficamos esperando até a luz voltar, que aconteceu umas 6h da manhã. A luz voltou, mas e a coragem para dormir nos quartos?? Não queria voltar a dormir na minha cama de maneira nenhuma (ainda mais que meu colchão é de mola e qualquer movimento que se faça, ele já fica mexendo, imagina com um terremoto...). Acabamos dormindo todas meninas na sala, juntas. Parecia um acampamento ou TREMNs de antigamente (piada interna para AIESEC)

Ficamos acampadas na sala por pelo menos uns 5 dias! hahahhahahaha

A internet voltou umas 10h da manhã e ficamos praticamente o sábado e domingo por conta de enviar notícias ao Brasil. Sabíamos que as notícias que chegariam aí pelos jornais e televisão não seriam as melhores. Infelizmente só as piores partes do terremoto são noticiadas. Parecia que o Chile inteiro estava destruído devido ao enfoque dado, tanto pela mídia internacional quanto pela nacional. O terremoto foi grave, levamos o maior susto, mas comparando a força destrutiva com a destruição realmente efetivada, não aconteceu quase nada em Santiago (lembrando que o terremoto aqui foi de 8,8 graus e do Haiti foi de 7 graus, e que a escala Richter é super exponencial, o que sentimos aqui foi mais ou menos 180 vezes mais forte). As contruções são bem mais preparadas e as normas bem mais rígidas. A maioria dos prédios são feitos para balançar e não cair. As únicas construções que caíram em Santiago foram casas muuito antigas (mesmo assim caiu alguma parte e não toda) e algumas pontes. Por isso, nossa rotina voltou praticamente ao normal na segunda mesmo (só o nosso elevador azul-verde-turquesa está fechado por precaução). 


É claro que as cidades que estavam mais perto do epicentro sentiram muito mais e a situação é bem diferente: muitas casas foram destruídas, tiveram problemas de abastecimento e saques, algumas cidades pequenas foram atingidas por tsunamis...O ponto positivo é ver que as pessoas estão se mobilizando pela causa. Cada um está fazendo o que se pode e várias organizações estão promovendo campanhas e tals. No meu trabalho, fizemos uma vaquinha para comprar cestas básicas e vamos promover visitas mais pra frente (quando essa euforia abaixar, a atenção da mídia não estiver mais tão focada e as ajudas estiverem mais escassas...) Aconteceu até um "Teletom" Chile ayuda Chile para arrecadar fundos. 


Em situações extremas assim é que vemos o melhor e o pior de um povo. É realmente interessante ver como o povo chileno está reagindo (e na minha visão, muito bem) à tragédia. Além da parte da reconstrução, existe um movimento de levantar a moral do povo, para que o país continue e não pare. Por isso, a presidenta pediu aos cidadãos para exibir a bandeira do país em suas casas, e andando pelas ruas, não há lugar onde não se veja uma (até no meu prédio tem um mastro com uma bandeira!).


Bom, foi uma experiência e tanto, mas em nenhum momento pensei em voltar. Quero continuar aqui pra terminar meu intercâmbio, aproveitar essa oportunidade única, aprender ainda mais com o país e sua gente, aprender mais sobre eu mesma (por exemplo: eu posso me permitir estar frágil e carente, e o valor de estar com a cabeça no lugar em situações como essas). Foi muito importante estar com as meninas nesse momento, uma dando força para a outra, segurando a barra. Sem elas, teria sido muuuuuuuuuuito mais difícil, com certeza! Muito obrigada também àqueles que mandaram pensamentos positivos, mensagens, emails e se preocuparam comigo. Obrigada pela força! Mas podem ficar tranquilos que estou bem! =)


Também posso dizer que agora estou muito mais informada do que é realmente um terremoto e como reagir nessa situação. Sei também que a probabilidade de acontecer um outro por agora é praticamente nula. A única coisa chata depois de terremoto são os tremores (mais conhecidos como réplicas), que no nosso caso, devem demorar uns 2 meses. Esses tremores são fracos, normais e são resultado da acomodação das placas depois de um terremoto. Os terremotos fortes no Chile estão acontecendo mais ou menos de 25 em 25 anos (1960, 1985, 2010...). Então, não quero estar aqui em 2035! hahahahhaha